Diário de Bordo - Aeroporto way of life.

Olá queridos =)

Bem vindos!

Como esse é o primeiro post, acho que não tem problema fazer alguns esclarecimentos. (Perdoem-me se eu me utilizar de palavras difíceis, mas é que a emoção de escrever em português é grande...). Para quem não sabe toda a história, as minhas aulas começaram dia 23 de fevereiro e eu só consegui meu visto na quinta feira dia 4. Na sexta feira, dia 5, a tarde eu descobri que iria embarcar no sábado, dia 6.

Tudo certo, mala arrumada, tchau para os amigos que passaram em casa. Saímos de casa às 4:00 da manhã. Meu papi, mama, Pe e Paulinha, minha segunda mãe.

No aeroporto foi tranqüilo. Quem me conhece sabe o quanto odeio despedidas, então me esforcei para descomplicar aquele momento. Nada de abraços muito longos, e nem frases completas e emotivas.

Um beijo, e fui.

Entrei no avião e nem pensei muito no que estava por vir.

Do meu lado direito, uma moça desesperada, esperando para ver se o lugar ao lado da amiga dela ficava vago até a decolagem.

Do lado direito, Eduardo. Um menino de Riberão preto, mais perdido do que azeitona na boca de banguela e medroso.

A viagem pra Buenos Aires foi tranqüila. No aeroporto conhecemos mais um menino, dessa vez, de Manaus e eu não consigo lembrar o nome dele.

Fizemos o check in e passamos uns bons apuros tentando entender o espanglish das atendentes. Depois de praticamente meia hora conseguimos ligar para consolar nossos familiares desesperados.

A viagem de 14horas foi tranquilassa. A minha poltrona (e agora vou jogar toda minha modéstia pela janela do avião) deitava a 180 graus.

Dormi quase o tempo todo. Do meu lado só tinha uma velha alcoólatra, cujo Inglês parecia grego para mim.

Quando cheguei em Sidney, estava impressionada com a minha disposição. Troquei alguns dólares para comprar um cartão de telefone. Liguei para o Papi e depois para o Daniel, que é o cara da base. Porque até então eu não sabia se alguém ia me buscar em Brisbane. Deu tudo certo e ele disse que as 8:30pm alguém ia me pegar no aeroporto.

Minha mochila estava tão pesada que eu decidi desencanar dos freeshops e sentei no meu portão esperando embarcar.

O embarque estava presvisto para as 19:45. Quando era 20:00 eu decidi ligar para o Daniel e dizer que meu vôo ia atrasar, mas aí...

Para fazer uma ligação, não basta você ter o cartão telefônico, você precisa colocar 50¢ para começar a ligação.

E eu não tinha 1 centavo no bolso, literalmente. Só dólares americanos.

E lá fui eu arrastando minhas costas com aquela mochila do inferno até o Câmbio, que para minha felicidade estava fechado.

Voltei para o meu portão esperando o embarque e nada.

Eis que me surge uma idéia!

Pessoas sempre derrubam moedas e acreditam que o esforço para pegá-las não vale a pena. Então eu decidi andar pelo aeroporto procurando uma moeda. Pode rir, é tosco mesmo.

Andei uns 5 portões até não agüentar mais carregar a mala.

Decidi voltar para o meu portão.

Nisso vi um cara falando português no celular. Fui até ele e pedi 50¢ e como ele não tinha, me emprestou o celular...

- -Oi Daniel, estou ligando para avisar que meu vôo está atrasado.

- -Ah! Tudo bem, obrigado. Qual é a previsão de embarque?

- -Eles não têm previsão.

- -Da onde você ta ligando?

- -Do celular de um estranho.

- -Então é melhor desligarmos, você está bem?

- -Tudo certo.

- -Então tá. Obrigado por me avisar e me liga de volta quando souber a hora que você vai embarcar.

- -... (@#$^%&^&$%##@@) Ok, eu dou um jeito.

- -Tchau.

Me angustiava o fato de eu ter que pedir centavos. Afinal, quem não tem centavos? Eu preferia pedir por 10 reais do que 50 centavos. É muito mais humilhante. Pode rir, é tosco mesmo [2].

Então eu decidi andar o aeroporto do outro lado atrás de uma moeda. Pode rir, é tosco [3].

Como os australianos são mão-de-vaca, eles realmente pagam o preço de recolher uma moeda do chão. Ou então eles têm um acordo com a gravidade... Sei lá.

O que eu sei é que voltei para o meu portão e esperei até a hora de embarcar. Quando anunciaram um embarque eu decidi pedir dinheiro para a senhora que estava do meu lado...

- -Moça, você pode me ajudar?

- -Claro o que você precisa?

- -Eu preciso de 50¢ para fazer uma ligação.

- -Ah! Você está sem dinheiro?

- -É, não tenho nenhum trocado. Só dólares americanos.

- -Da onde você é?

E enquanto eu respondia ela tirava 10 dólares da carteira com uma cara de misericórdia.

- -Não, obrigada. Eu só preciso dos 50¢ para ligar.

- -Pode ficar, você não está com fome?

- -Não. Obrigada. Só preciso fazer uma ligação.

- -Você tem certeza (com a cara de misericórdia acentuada)?

- -Sim, obrigada.

Finalmente, liguei para o Daniel, embarquei e em 30 min estava em Brisbane.

Quatro meninas foram me buscar no aeroporto e elas foram umas fofas. Me encheram de abraços e estavam todas animadas, [ironia mode on] que nem eu [ironia mode off].

Cheguei na minha casa e só queria tomar um banho e dormir.

Mas não, estavam todas as meninas e alguns meninos me esperando.

E eu feia, fedida e cansada.

Como sou educada e ao contrário da música, muito grata, decidi cumprimentá-los um por um.

DESCOBERTA

Só os brasileiros se cumprimentam com beijo. Todos ficaram travados na minha frente com aquela cara de “o que essa menina está fazendo?”. Como já tinha começado, decidi ir até o fim com os robôs. E era uma reação pior que a outra.

Agora eu dou risada, mas na hora foi terrível.

Tomei meu banho e fui dormir...

E o que eu fiz hoje, conto em outro post porque esse já está muito grande.

Amo vocês.

Aliás, só amo os que estão lendo até aqui.

Aliás, só amo as pessoas que eu conheço e leram até aqui.

Um beijo, aussies.